terça-feira, outubro 26, 2010

Do mar que me habita

(...) Não têm velas e têm velas;
e o mar tem e não tem sereias;
e eu navego e estou parada;
vejo mundos e estou cega,
porque isto é mal de família,
ser de areia, de água, de ilha...
E até sem barco navega
quem para o mar foi fadada.

Deus te proteja, Cecília,
que tudo é mar - e mais nada.

(Cecília Meireles, "Beira Mar", in Mar Absoluto e Outros Poemas)


Ai de ti, ó velho mar profundo, eu venho sempre à tona de todos os naufrágios!
(Mário Quintana)

Salaam
Layla

Imagem: http://imensomars2.blogspot.com/

domingo, outubro 17, 2010

Aviso aos amigos

Queridos, gostaria de pedir-lhes um favor. Quem tentar comentar esse blog e, por qualquer motivo, não conseguir, poderia me mandar um e-mail dizendo que isso aconteceu? Estou desconfiada que meu sistema de comentários está com algum problema...

O endereço é laylabadawya@gmail.com.

Gracias!
Salaam
Layla

quarta-feira, outubro 13, 2010

Dia das crianças

A menina de seis ou sete anos se aproxima da janela da lavanderia que fica no segundo andar de um sobrado. É a casa de sua tia. Acomoda-se perto do tanque, estica-se à ponta dos pés para poder olhar para fora. Dali, consegue ver outra janela: a da escola de balé, por onde as notas musicais atravessam o espaço, ganham o ar, projetam-se para longe. A música entra pela janela da lavanderia como se fosse trazida por uma imensidão de pombos-correios. São notas de piano. A menina é pequena e não consegue olhar direito. Mas a música, percebendo seu esforço, lhe faz um carinho e entra definitivamente em seus ouvidos, como se quisesse trazer uma boa notícia, vinda de longe.

A cena se repete frequentemente: a garota esgueira-se, apoia-se no tanque, espia e consegue ver alguma coisa. Acomoda-se ali, e ouve aquele piano. "Mãe, eu queria fazer balé...". Depois de alguma insistência, a mãe cede. A criança, deslumbrada, veste-se com a roupa das alunas, usa a meia-calça cor-de-rosa do uniforme, calça as inéditas sapatilhas. Um ano de aulas transcorrido, toma uma bronca da severa professora, pois não fica na ponta dos pés como deveria. Ao fim da aula, a professora se dirige à criança: "você sente dor para ficar na meia-ponta?". A menina lhe diz, envergonhada: "eu gosto de dançar, professora, mas eu queria dançar com o pé inteiro no chão".

Mais de vinte anos depois, o ensaio geral que antecedia o espetéculo de uma companhia de danças árabes era feito no grande salão de uma escola de balé. Nas salas adjacentes, outras alunas, todas na ponta dos pés, também ensaiavam, ao som do piano, que atravessava janelas e vinha acariciar os ouvidos de quem estava do outro lado da parede. A menina de quase trinta anos, com seus dois pés inteiros no chão e o ventre descoberto sente os olhos encherem d'água. Uma colega pergunta: "que foi?".

"Foi o doce, docílimo som da minha infância".

Salaam
Layla

domingo, outubro 10, 2010

Voto declarado

Venho a público esclarecer que este blog é abertamente, imensamente, escandalosamente CONTRA a volta da aliança política PSDB/DEM à presidência do Brasil.

Eu vou ajudar a botar a Dilma lá. E, se não der, que Deus nos tenha piedade.

Salaam
Layla
(É 13!)