domingo, maio 27, 2007

Buena Semana

Buena semana mos dé el Dió
Buena semana mos dé el Dió
Buena semana mos dé el Dió,
alegres y sanos
Buena semana mos dé el Dió, alegres y sanos.
A mis hijos bendezir
A mis hijos bendezir
Ke me los deje Dió vivir alegres y sanos
Buena semana mos dé el Dió, alegres y sanos.
Para fadar y sercurzir
Para fadar y sercurzir
Para poner tefelim, buena semana.
Buena semana mos dé el Dió, alegres y sanos.
Buena semana mos dé el Dió,
alegres
y sanos.
("Buena Semana", Fortuna, do álbum Caelestia)
A cantora Fortuna está, para mim, entre as mais belas e tocantes criaturas que resolveram abençoar o mundo com música. Brasileira de origem judaica, ela faz um resgate irretocável do cacioneiro ladino, com sonoridade medieval, docílima, sentimental. O ladino é o idioma falado pelos judeus sefaraditas da península ibérica, Grécia e Turquia.
Fortuna esteve presente em minha vida em alguns momentos simbólicos. Certa vez, durante um curso sobre mitologia que eu fazia (que abordava as deusas gregas como figuras arquetípicas), houve uma vivência no dia de estudar Afrodite. O grupo era formado por uma maioria de psicólogas e a responsável pela vivência foi uma delas, que fora minha aluna de dança árabe e por quem tenho imensa admiração e afeto. Na vivência, fomos convidadas a dançar músicas árabes e, ao final, ela fez uma aprensentação usando como tema uma música da Fortuna. Tal momento tatuou-se em minhas retinas de forma indelével. Não pude evitar chorar demais, por ver ali uma pessoa entregar-se de forma sublime a uma arte que aprendeu pelas minhas mãos e pelos meus quadris. Sentir que tive alguma participação no céu de alguma pessoa me fez, de fato, sentir vida nas veias e cores nos olhos.
Esta música é comumente cantada no Shabath, quando o sol começa a se esconder e inicia-se a nova semana. Especialmente me toca o tom maternal com que se diz: "a meus filhos bendizer, que Deus m'os deixe viver alegres e sadios".
Há algumas pessoas que visitam meu blog por quem tenho grande afeto. Pessoas que se comunicam comigo através de um mar de pensamentos, sem nunca terem sequer visto os meus olhos ou as mãos que escrevem estas coisas. Eu vos ofereço essa canção neste anoitecer de domingo, para que durante toda esta semana, e também nas outras semanas que vierem, Deus os mantenha, a vocês e a seus filhos, alegres y sanos.
Shalom/Salaam/Paz
Layla
Mais sobre Fortuna: http://fortuna.uol.com.br

domingo, maio 13, 2007

Sobre as mães; sobre o amor



Nos dias em que minha vida esteve escura, eu não vi nada mais cintilante que os teus olhos. Fazia sentido chamar por você, mesmo longe. É que a tua escuta desconhece a distância. E a voz do filho se faz audível em qualquer lugar.

Seus olhos são o que mais me lembra você. Claros como um favo de mel, graças às gotas do teu sangue germânico, eles nem de longe lembram meus gigantescos olhos escuros e mouriscos. Não saí à tua imagem e semelhança. Mas um dia me disseram que meu sorriso era igual ao teu e, desse dia em diante, eu fui mais feliz.

Nos dias tristes, eu sempre corri buscando teu colo. Mas hoje não é um dia triste. Entretanto, queria eu o mesmo colo, apenas por querer. E quando escuto a tua voz, eu tenho a exata dimensão do amor que um dia quero aprender a sentir. O dia em que minhas entranhas forem rasgadas pela claridade que trará ao mundo uma nova vida, quem sabe eu possa conversar com teus olhos claros de igual para igual. Por enquanto, estou em absoluta desvantagem. Só uma mãe sabe a dimensão exata do amor que isto encerra.

Salaam
Layla

Imagem: Krishna e mãe Yasoda