sexta-feira, maio 14, 2010

Manual básico para diferenciação entre um ser humano e uma caixa de papelão

É lamentável que a esta altura de minha vida ainda seja necessário que eu perca meu tempo com explicações deste tipo. Mas se você ainda não entendeu a sutil diferença existente entre uma caixa de papelão e um ser humano, tome nota deste pequeno e didático manual.
Da caixa de papelão:
Pode ser usada para depositar todas as coisas que você não usa mais, não considera mais como úteis, não quer mais carregar consigo. Pode receber em si um monte de lixo - pode; inclusive, ir para o próprio lixo. A caixa pode ser trocada de lugar, pode inclusive ser substituída, pois ela não guarda ressentimentos. Se você deixá-la aberta, ela permanecerá assim, recebendo o que você quiser, sempre disposta a abrigar o que você estiver disposto a jogar dentro. É possível, ainda, chutar a caixa, rasgar a caixa, atirar longe a caixa, defenestrar a caixa - tudo o que sua imaginação permitir. Tudo é possível, pois ela não sente.
Do ser humano:
Não deve ser usado para depositar todas as coisas que você não usa mais, que não considera mais úteis, que não quer carregar consigo. Não deve receber um monte de lixo, nem mesmo ir para o lixo. Não convém pensar que possa ser substituído: cada ser humano - ao contrário das caixas, sempre genéricas - é único, irreplicável. O ser humano pode guardar ressentimentos, mágoas e toda sorte de dissabores, pois tem um sistema nervoso sob a pele - que a caixa não possui. Ou seja: o ser humano tem essa desvantagem: nele, tudo dói. O ser humano chora. Ressente-se. Sofre.
Disso concluímos que:
1) Caixas e seres humanos são, fundamentalmente, diferentes.
2) Não devemos tratar seres humanos como caixas de papelão.
Espero ter sido o mais objetiva e clara o possível.
Salaam
Um ser humano.
Imagens:
Ser humano: "Homem Vitruviano", de Leonardo da Vinci : www.nautilus.com.br