Lealdade feminina

Derrotados, Wolf e seus aliados estavam dispostos a entregar o castelo ao pior inimigo. Mas as mulheres desses homens não estavam nem um pouco preparadas para a derrota. Enviaram uma mensagem a Konrad, irmão do duque inimigo, pedindo a promessa de salvo-conduto para todas as mulheres das cercanias do castelo e permissão para que elas levassem todos os bens que pudessem carregar.
A permissão foi concedida e os portões do castelo se abriram.
As mulheres foram saindo, levando consigo estranha carga. Não traziam ouro ou jóias. Cada uma vinha curvada sob o peso do marido, na esperança de salvá-lo da vingança dos inimigos vitoriosos.
Dizem que Konrad, bom e piedoso de fato, comoveu-se até às lágrimas diante daquela atitude extraordinária. Apressou-se em garantir a liberdade às mulheres e segurança aos maridos. Convidou a todos para um grande banquete e fez um acordo de paz com o duque da Bavária em termos mais favoráveis que o esperado.
Desde então o monte onde estava situado o castelo passou a ser chamado de “lealdade feminina”.
As mulheres, desconhecendo a força de que são portadoras, muitas vezes saem a campo para disputar forças com os homens. Desconhecem que, no dia em que quiserem, mudarão o mundo.
(Excerto do texto "Lealdade Feminina", escrito pela Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em história adaptada do Livro das Virtudes II, pág. 460 e no cap. 13 do livro Vereda Familiar, ed. Fráter Livros Espíritas).
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Ao ler esse texto, não pude me furtar a pensar em mim mesma. Em mim, e em tantas mulheres que conheço, para as quais o maior bem é justamente o amor das pessoas. Se eu estivesse no castelo sitiado, muito provavelmente teria saído dele carregando nas costas meu marido e meus filhos. Talvez – só se sobrasse tempo – eu voltaria para buscar o canudo de psicóloga, as roupas de dança do ventre e as especiarias que deixei na cozinha. Não que essas três coisas sejam dispensáveis à minha felicidade. Trata-se de compreender a profundidade da palavra “prioridade”. Essa palavra que cada mulher que estiver lendo estas letras saberá do que se trata.
Hoje escrevo esse texto e assino estas palavras como a mulher que carregaria o marido nas costas. A bailarina que carrega estrelas nos quadris mas, além delas, camufla sobre as vestes o mais afiado sabre, pronto para defender sua terra e suas gentes. Esse sabre de ponta aguda, guardado no peito de todas nós, disfarçado de coração.
Pessoas que amo, e você sabem quem são... eu sou de vocês.
Salaam
Layla