quarta-feira, setembro 26, 2012

Um terceiro bilhete

No último cigarro do dia, à janela, assombra-me minha teimosia.
Essa obstinação que persiste mesmo num cenário desértico. 
E isto é herança árabe. Sobreviver no inóspito.
Arrancar o sustento dentre as pedras. 
Comer frutas secas e leite que azedou, transformá-los em iguarias. 
São teimosos.
Assim como eu, porque sou uma deles. 
Assim como eu, que reluto em te enterrar, em te alijar dos meus olhos,
mesmo neste cenário desolador que é a
fatídica condição de não-amor.

Teimo em nascer todos os dias,
mesmo que essa falta venha me ferir de morte, 
todas as noites.  

Por esperança e teimosia
continuo recebendo da vida meu direito de respirar. 

Ana bhibak 

Layla