quarta-feira, maio 16, 2012

Nuda Veritas


essa sou eu
a que se gesta
nas coxas de uma mãe
sem nome

útero de carne
e de poema

feito de amor
e de fome

essa sou eu
a que se costura
nas coxas de uma mãe
sem rosto

matando-me
e recuperando-me

cuspindo alegria
e desgosto

luminosidade dourada
como um fio de azeite
rasgando a sala

atravesso portas fechadas
esmurro pontas de faca

(quanto mais esfacelada
mais inteira me refaço

à madrugada)

salaam
layla

image: Nuda Veritas (Gustav Klimt) reinterpreted on the wall by Layla Atenea
(obscurity photographed by Tarik Elid)