Da simplificação grosseira de um coração que pesa quatrocentos quilos
Mais triste ainda é pensar que alguém possa dizer: "eis com o que você deve se contentar". Eu pareço, de fato, ser rasa e epidérmica? Não há, porventura, atrás de minhas pupilas, um buraco negro, que não se pode supor?
Eu chego a rir de tais simplificações. É como dar a uma mulher uma panela de presente no dia das mães. "Eis aí o que é teu, não se dá por satisfeita?". Como se o meu destino fosse ser essa mártir involuntária, pronta a amamentar a todos em suas gigantes tetas, pronta a ser a eterna mãe, a doadora infinita, a que tudo aceita, a que tudo suporta... Em nome do quê?
Tenho a vos dizer que não sou isso. Não quero isso para mim. Não quero que deduzam o que eu devo ou não devo sentir. Não quero que me censurem em minhas dores mais viscerais, ou que reduzam o cúmulo do meu sofrimento à banalidade óbvia que se vê nos folhetins. Não quero que encarem minhas úlceras como dramas descabidos. Não quero que subestimem minha dor. Ou minha raiva.
A todos vocês, que me simplificam, me restringem, me diminuem as proporções, dedico meu infinito e mais brando olhar de pena.
Salaam
Layla
1 Pitacos:
Oi querida e intensa amiga...me empresta um pouco as suas palavras?
Eu tenho uma grande certeza: vc sabe se expressar perfeitamente :o)
Mande à favas quem presuma, quem rotule, quem ofenda...seus mundos são infinitivamente pequenos.
Deve ser a lua pq estou tendo problemas com um anônimo à me julgar lá no blog.
Outra certeza que tenho é me acham essa mártir involuntária que vc cita no texto...mais uma vez mundo é pequeno demais...
Bjosss
P.S. hoje lembrei-me de vc enquanto carregava um elefante comigo :o)
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